Alunos de Cascavel apresentam projetos científicos em feiras internacionais de tecnologia 09/12/2020 - 10:52

Estudantes da rede estadual do município de Cascavel vão apresentar projetos em feiras internacionais de ciência e tecnologia em 2021. Rafaela Ribas (13), do Colégio Estadual Wilson Joffre, desenvolveu uma caixa de transporte de órgãos automatizada. Já Arthur Rothemburg (15), do Ceep (Centro Estadual de Educação Profissional) Cascavel, criou um par de óculos de realidade virtual para tratar fobias. Gabriel Henrique Dagostim (17), do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira, criou pijamas que monitoram a temperatura corporal de bebês. Os alunos ganharam as credenciais para participar de feiras na Inglaterra, Canadá, México e Equador após seus projetos serem premiados em eventos nacionais neste ano.

Todas as pesquisas foram desenvolvidas na escola extracurricular de programação e pesquisa Eureka, que não cobra mensalidade de alunos vindos da rede pública. Maycon Gustavo Oliveira Lourenço, proprietário da instituição e professor que orientou todos os projetos, destaca que, mesmo em meio à pandemia, os adolescentes não deixaram de lado a ciência. “É uma grande tarefa trabalhar com alunos tão jovens, pois é nessa fase que eles estão querendo descobrir o verdadeiro porquê das coisas. Eles são como esponjas, sempre absorvendo conteúdo”, conta Maycon. “É por isso que queremos mostrar para eles o mundo científico, das descobertas e da inovação”, comenta.

Caixa de transporte de órgãos automatizada — Os órgãos destinados a transplante são transportados, atualmente, em sacos plásticos estéreis com gelo (evitando o contato deste com o órgão). Um dos problemas que podem acontecer durante o transporte é a isquemia (redução ou falta de fluxo sanguíneo no órgão), que pode trazer consequências que atrasam ou até impossibilitam o transplante.

Pensando nisso, a estudante Rafaela Ribas desenvolveu o projeto da caixa de transporte de órgãos automatizada. Nela, no lugar do gelo, é utilizada a célula Peltier, que evita a isquemia. Além disso, é usado um mecanismo para dissipar o calor emitido pela célula e um termômetro que controla a temperatura da caixa. “A caixa refrigerada também é mais leve, por causa dessa substituição, e tem um display que mostra informações como a temperatura interna, horário e data”, explica Rafaela. “Fica tudo mais prático para o médico.”

A aluna recebeu credenciais para apresentar o projeto em Londres, no evento London International Youth Forum; no México, na feira Infomatrix Guadalajara; e na Costa Rica, na Expojovem. A primeira credencial foi concedida após Rafaela conquistar o segundo lugar na categoria Ciências da Saúde na premiação Fenecit (Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia), que aconteceu entre 24 e 29 de novembro. A segunda credencial veio quando a aluna ganhou o segundo lugar na categoria Ciências da Saúde na premiação Infomatrix Virtual, que ocorreu de 9 a 13 de novembro. Já a credencial para a Costa Rica foi conquistada na Febic (Feira Brasileira de Iniciação Científica), que aconteceu de 18 a 31 de outubro.

Óculos de realidade virtual para tratar fobias — O projeto de Arthur Rothemburg consiste em um par de óculos de realidade virtual com lentes aprimoradas. A proposta é utilizá-los para ajudar no tratamento de fobias, fazendo com que o usuário se habitue gradualmente, no ambiente virtual, àquilo de que tem medo. O estudante teve a ideia da pesquisa porque possui aracnofobia (medo de aranhas). “Eu queria encontrar um modo de tratar o meu medo com algo de que eu gosto, como realidade virtual, computadores e tecnologia”, conta Arthur. “O fato de eu já conhecer o assunto [tanto de fobia quanto de tecnologia] ajudou a desenvolver o projeto.”

O estudante ganhou credenciais para participar do Canada Wide Science Fair, no Canadá, e da Infomatrix, no Equador. A primeira credencial veio junto ao segundo lugar na categoria Ciências Humanas da premiação Fenecit, e a segunda foi conquistada na feira Infomatrix Virtual.

Pijama de monitoramento de temperatura corporal — Gabriel Henrique Dagostim desenvolveu pijamas com sensores para medir a temperatura corporal e a pressão cardíaca de bebês. Quaisquer alterações que fujam do padrão são identificadas pelo sensor, que envia uma mensagem de texto para um número de celular cadastrado.

Gabriel ganhou credenciais para participar da Expo Sciences México e da Febrace (Feira Brasileira de Ciência e Engenharia). A primeira credencial veio com o prêmio de terceiro lugar na categoria Engenharia da Fenecit, enquanto a segunda veio com o primeiro lugar na categoria Engenharia da Infomatrix Virtual. 

Outros estudantes premiados — Dois alunos de colégios privados que apresentaram projetos orientados pelo professor Maycon também foram premiados em eventos nacionais e ganharam credenciais para apresentar suas pesquisas em feiras internacionais. Bernardo Damião Camargo (11), que criou uma plataforma de realidade aumentada para o estudo da paleontologia, vai para a África do Sul, para a Colômbia e para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Já Jean Rafael Kot (13), que desenvolveu um dispositivo de medição de temperatura e umidade no ambiente de trabalho, vai para o Equador e para Dubai.