Estudante de Witmarsum vence etapa nacional de concurso de debate de agência alemã 25/06/2021 - 11:08

A estudante de 17 anos Hanna A. Kirsch, da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Fritz Kliewer, na Colônia Witmarsum, em Palmeira, foi a vencedora da etapa nacional do Jugend debattiert, concurso de debates na Língua Alemã promovido em todo o mundo pela ZfA - Zentralstelle für das Auslandsschulwesen, a Agência Central de Escolas no Exterior, órgão do governo alemão, e aqui no Brasil também pelo Instituto Ivoti.

Neste ano o evento aconteceu de forma on-line, devido à pandemia, nos dias 17 e 18 de junho, e contou com a participação de 24 alunos de 15 escolas do país com alto nível de proficiência, sendo a Fritz Kliewer, a única pública. Além de Hanna, Milena Zittel também representou o Paraná e a Fritz Kliewer, chegando à semifinal.

“Ficamos muito felizes com o resultado das meninas. Existe todo um preparo dos professores e de como ensinar as técnicas de debate aos alunos, o que no Brasil em geral não se aprende”, diz a diretora Monika Penner Pauls.

Com a conquista, Hanna irá disputar, em outubro, a etapa sul-americana do Jugend debattiert, provavelmente também de maneira online. Um outro aluno do Rio Grande do Sul, que ficou em segundo lugar, também se classificou para a etapa continental. Os vencedores vão à etapa final na Alemanha – ainda sem previsão de data.

“Sempre tive o alemão muito presente em casa, minha mãe [alemã] veio ainda criança para o Brasil e os meus avós por parte de pai também são alemães. Cresci com as duas línguas, mas a minha língua materna é o Portugûes”, diz Hanna. 

Mesmo com toda a vivência em outra língua, com ligações para parentes no exterior, filmes e livros, ela explica que a escola ajudou bastante no aprendizado. “Foi muito importante para aperfeiçoar, principalmente com a gramática e no desenvolvimento para expressar opinião. O alemão tem esse lado de ser crítico e debater vários assuntos”, conta.

Jugend debattiert - Além de debates em alto nível linguístico, o concurso requer conhecimento, uma vez que os temas debatidos são relevantes e complexos, como doação de órgãos, criação em massa de animais e obrigatoriedade do voto – os temas desta edição, informados aos participantes apenas uma semana antes do evento.

“Foi uma semana muita leitura e pesquisa sobre os assuntos, até porque não sabíamos qual lado iríamos defender”, explica Hanna.

Em cada rodada os estudantes são divididos em grupos de quatro, e subdivididos em duplas, sendo que cada dupla precisa defender o tema escolhido com argumentos a favor ou contra o assunto. O lado do posicionamento a ser defendido é determinado por sorteio e, até por isso, o que define os vencedores pela escolha dos jurados é a argumentação.

Esta é a segunda participação do Fritz Kliewer na competição – na primeira em 2019, dois estudantes foram semifinalistas na etapa nacional realizada no Rio de Janeiro. No ano passado, já com o modelo online, a escola acabou não participando.

Neste ano, além da preparação das próprias escolas, a organização do evento promoveu uma formação de cinco encontros com ex-vencedores do concurso, que deram orientações, dicas e explicaram os principais critérios de avaliação.

Aulas de alemão e convênio - Com 220 alunos dentro da principal colônia de imigrantes alemães nos Campos Gerais, o Colégio Fritz Kliewer é a única escola pública com convênio com a ZfA, o que permite a instituição receber recursos para a aquisição de materiais didáticos e formação de professores.  

Anteriormente privado, o colégio passou para a administração do estado há mais de uma década e manteve características originais, como a carga horária maior e o ensino da Língua Alemã na matriz curricular, com aulas para todas as séries, sendo quatro semanais para as do Fundamental e três para as do Médio, divididas em dois níveis: um para os alunos que tem mais domínio do idioma e conversam em casa com os pais, e outro para os estudantes que só aprenderam o alemão na escola.

Junto ao ensino de alemão, o convênio permite aos alunos realizarem gratuitamente, por exemplo, um teste de proficiência na língua, com o qual futuramente, podem cursar faculdades na Alemanha, além da possibilidade de concorrer anualmente a uma seleção para intercâmbio de curta duração no país europeu.

“Já tivemos vários alunos em anos anteriores que tiveram essa experiência custeada pelo governo alemão, mesmo com a forte concorrência dos colégios particulares de diferentes estados”, diz a coordenadora de Alemão da escola, Sabine Kreusch.

Kreusch lembra que os valores que recebem da ZfA dependem das aprovações dos testes realizados pelos estudantes, o que estimula a escola a seguir evoluindo no ensino. “O preparo para o concurso em si acontece dentro da própria aula de alemão, até porque condiz com a prova de proficiência”, explica.