Professores de Educação Física podem abordar jogos eletrônicos em sala 10/03/2020 - 10:31

A educação é viva e sempre possibilita ao docente se apropriar de novas abordagens em sala de aula. Pode-se dizer que essa foi uma das premissas que a professora Silvia Stelmastchuk seguiu para levar aos seus estudantes uma atividade que, em três décadas de atuação na rede estadual de ensino do Paraná, não pensou que seria possível: trabalhar com jogos eletrônicos na disciplina de Educação Física.

A ideia foi trazida pelo Currículo da Rede Estadual Paranaense, o CREP, documento da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte lançado em fevereiro, voltado aos anos finais do Ensino Fundamental. O CREP funciona como um grande guia construído a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Referencial Curricular do Paraná. Ele compila os conteúdos essenciais a serem trabalhados em cada disciplina, separados por ano, além de sugestões de como distribuir esses conteúdos nos trimestres letivos.

Em relação à disciplina de Educação Física, o CREP traz a unidade temática “Brincadeiras e Jogos”, que tem como objeto de conhecimento os jogos eletrônicos. É importante salientar que a própria BNCC, norma curricular nacional, traz a “cultura digital” como uma de suas competências fundamentais.

Silvia está trabalhando a temática com estudantes do sétimo ano do Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal, em Maringá. Ela conta que para fazer um teste com a turma, levou diversos minigames, que podem ser conectados à televisão da sala. Depois de pesquisar, descobriu que se tratava de aparelhos da quarta geração dos consoles – a geração atual é a oitava.

“Eu pensei: 'Com tantos consoles modernos e jogos com a parte gráfica avançada, com controles sensíveis, eles não vão dar espaço para esses joguinhos’, mas resolvi levar para a turma mesmo assim. Fiz uma introdução, passei vídeos a respeito e percebi que eles estavam focados. Os estudantes não tiveram nenhum preconceito com esse videogame mais antigo, muito pelo contrário. E quando coloquei na televisão, eles ficaram vidrados, eufóricos”, relata.

COMO TRABALHAR – Após abordar a parte teórica dos jogos com os alunos, Silvia organizou um circuito de games. Além da estação dos jogos eletrônicos, foram montadas também mesas com jogos de tabuleiro, como xadrez e Imagem & Ação. Aos alunos será aplicado um quiz sobre o conteúdo, com perguntas que envolvem pontos como a evolução da parte gráfica dos jogos, suas gerações, personagens clássicos, entre outros. A professora também planeja trabalhar com os adolescentes o game Just Dance, em que o jogador precisa seguir os movimentos do dançarino da tela.

O envolvimento com os minigames resultou em uma dinâmica bastante interessante entre os estudantes. Eles ficaram motivados a pesquisar mais a respeito, e alguns chegaram a levar itens antigos ligados à temática para compartilhar com os colegas, como fichas de fliperama que seus pais ainda tinham em casa.

Abordar jogos eletrônicos em sala de aula ajuda a aprimorar nos estudantes noções de cooperação e trabalho em equipe, raciocínio lógico, estratégia e também estimula a coordenação motora fina.