Detentos fazem reparos em escola de Curitiba 21/09/2015 - 10:05

O Colégio Estadual Paulo Leminski, em Curitiba, passa por obras de reparo que incluem pintura e jardinagem. O trabalho é feito por detentos que participam do projeto Mãos Amigas, uma parceria entre as secretaria estaduais da Educação e da Segurança Pública e Administração Penitenciária.

Dezesseis presos em regime semiaberto da Colônia Penal Agrícola de Piraquara trabalham diariamente, em turno único, em obras de reparos em escolas e outros prédios públicos do Governo do Paraná.

A escola recebeu pintura nova em aproximadamente sete mil metros quadrados de área, entre paredes externa e muro. Também foram feitos trabalhos de jardinagem, como remoção de entulhos e podas de árvores. “O trabalho que eles fizeram aqui é de primeira. Nós realmente estávamos precisando dessa repaginada na estrutura do prédio”, contou o diretor João Paulo Matos. “Todos estamos satisfeitos com os resultados, professores, alunos, direção e a comunidade. Contribui muito para a vida da escola”, agradeceu Matos.

Os trabalhos devem ser concluídos nos próximos dias. Também serão feitas quatro mesas de pingue-pongue para as aulas de Educação Física.

RECOMEÇO – João Paulo Correia tinha uma pequena empresa de pintura antes de ser privado de liberdade e aproveitou a oportunidade para exercer a antiga profissão. Segundo ele, o trabalho em escolas serve de motivação para o retorno à sociedade e à antiga função. “Para nós é muito importante esse trabalho porque podemos contribuir de alguma maneira com a comunidade. O retorno que recebemos dos alunos nos motiva a continuar nesse caminho”, disse.

Para o coordenador do projeto Mãos Amigas pela Secretaria da Educação, Nabor Bettega Junior, o projeto traz vários benefícios ao detento e à unidade escolar. “A escola economiza com a manutenção e pequenos reparos e os detentos têm a diminuição da pena e a oportunidade de aprender e exercer uma profissão”, explicou.

O programa foi criado em 2012 com o objetivo contribuir para o processo de ressocialização redução da punição do detento. Nabor explica que o programa pode ser expandido para outras regiões do Estado. “Estamos trabalhando para levar o programa para outras regiões que possuam o regime semiaberto”, disse. As regionais são Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu.

“Contamos com um sistema que nos permite aplicar o trabalho do preso em todas as frentes, o que possibilita investir em canteiros de trabalho que beneficiem obras públicas. Ofertamos trabalho para o preso, o que é muito importante. Isso é prioridade dentro da nossa gestão”, acrescentou o diretor do Departamento de Execução Penal (Depen) do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo Moura.

Os detentos que participam do programa recebem uma gratificação mensal de R$ 591 e 20% do valor é aplicado em poupança para que, ao sair da prisão, eles possam começar uma vida nova. Outra bonificação é a redução da pena – a cada três dias de trabalho, um é descontado da pena a cumprir.

Em três anos já foram atendidos cerca de 120 prédios públicos de Curitiba e da Região Metropolitana. São escolas estaduais, escolas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e outros órgãos do Governo do Estado. Os presos trabalham com pintura, jardinagem, limpeza e pequenos reparos.

De acordo com o diretor do Depen, a intenção é ampliar esse tipo de projeto, com mais participantes, para a execução de reparos em delegacias e unidades do próprio sistema penal, além das obras nas escolas.

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