Professor, prazer em ensinar e transformar vidas 14/10/2016 - 17:20

Uma das profissões mais importantes em qualquer sociedade é a de professor, que traz o desafio – e o prazer - de ensinar e transformar vidas. Neste sábado (15), é comemorado em todo o Brasil o Dia do Professor. Somente na rede estadual de ensino do Paraná são aproximadamente 80 mil profissionais que ensinam diariamente mais de um milhão de alunos.

“Ser professor é dividir sua vida entre cursos, provas, aulas, alunos e família. O professor é o profissional de múltiplas faces. Ele vive para aprender e ensinar, atuando como instrumento transformador que molda a sociedade através da educação”, disse a secretaria da Educação, professora Ana Seres.

A professora Lurdes Rocha de Souza, 56 anos, natural de Capanema (Sudoeste do Estado), tem uma história parecida à de muitos docentes. Já são mais de 30 anos de aula de aula, dos quais 20 dedicados exclusivamente à educação de jovens e adultos. “Meu objetivo é ensinar e transformar a vida dessas pessoas para que elas se tornem críticas e participativas”, disse Lurdes. “Foi na educação de jovens e adultos que eu me encontrei profissionalmente e é aqui que me realizo todos os dias porque eu gosto muito do que eu faço e me entrego totalmente a isso”, revelou.

Lurdes é graduada em Química e Letras, e especialista em Língua Portuguesa e no Ensino de Jovens e Adultos, entre outros cursos. “Tenho uma boa memória”, brincou. Foram mais de 25 anos estudando e se preparando para levar para sala de aula novos conteúdos aprendidos nos diversos cursos que frequentou. “Ser professor é isso, se dedicar a estudar para repassar esse conhecimento de forma humana, para que o aluno sinta vontade de aprender”, lembrou.

EXEMPLO - A professora teve um importante incentivo dentro de casa. Sua mãe, a também professora Carmem Rocha de Souza, foi a primeira professora do município de Capanema. Na época, Carmem ensinava as crianças do distrito de São Luiz com quadros improvisados e carvão. “Quando acompanhava minha mãe dando aula eu sentia um prazer enorme vendo a maneira como ela ensinava aqueles alunos”, recordou Lurdes.

Ela ingressou na rede estadual de ensino em 1997, após 14 anos na iniciativa privada. Segundo ela, foi uma das melhores escolhas que já fez. “Encontro alunos de anos atrás, e eles me param na rua e dizem ‘você fez a diferença na minha vida’, e isso para mim é tudo. Esse é o papel do professor, ensinar para a vida”, frisou. “O aluno precisa sentir que você tem prazer pelo que faz. Se você não for apaixonado pelo que faz, melhor desistir e ir para casa. Isso é ser mestre”, concluiu.

PRAZER EM ENSINAR – A docência faz parte da família da professora Analine Maquea Cardeal, de 23 anos. O prazer em ensinar é passado por gerações, já que a mesma profissão foi seguida por tias, tios e madrinhas. “Eu nunca me vi fazendo outra coisa, sempre gostei de ensinar. Escolhi a profissão porque ela sempre esteve muito presente na minha família e por ter afinidade e prazer em fazer isso”, contou.

A pouca idade contrasta com uma carreira com muita experiência acadêmica e de sala de aula. Analine assumiu a primeira turma aos 17 anos, em 2010, e aos 22 anos, assumiu a primeira turma como professora titular. Nesse ano, a professora iniciou as atividades com o ensino médio. “Além de medo, senti um pouco de nervosismo e insegurança, mesmo com todo o treinamento que tive porque muitos alunos tinham a minha idade”, lembrou.

Analine possui na bagagem vários cursos de formação acadêmica, entre eles o curso de formação de docentes, antigo magistério, licenciatura em História, pós-graduação em História Social da Arte e História e Geografia do Paraná. A energia da juventude aliada à vontade de transformar a sociedade é o que motiva a corrida rotina da professora que dá aula em três escolas, duas em Curitiba e uma em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba). “O que mais me motiva nessa profissão é poder guiar os alunos através do caminho correto e os ajudar a transformar suas vidas para melhor”, revelou.

DESAFIOS – Os desafios para quem está iniciando a profissão são muitos, mas o prazer em ensinar, segundo Analine, vale apena o esforço. “A profissão de professor chega a ser de risco em algumas situações, mas me sinto orgulhosa quando os alunos vêm até mim e dizem o quanto gostam das minhas aulas. Isso me motiva e dá força ao saber que estou contribuindo para a formação dessas pessoas e os ajudando a crescer na vida”, disse.

Analine aponta alguns fatores essenciais para quem quer ser professor. “O professor, para mim, é aquele que abre a mente dos estudantes para a realidade da vida, por isso é necessário ter determinação, não desistir, ter prazer e o dom em ensinar”, pontuou.
 
AVANÇOS – A Secretaria de Estado da Educação investe para melhorar as condições de trabalho dos professores. Desde 2011, o magistério paranaense teve reajuste salarial superior a 80%.

Nos últimos quatro anos, a pasta liberou o afastamento de mais de oitocentos professores para cursar mestrado ou doutorado, sem a perda de salários. A prática vem sendo adotada desde 2012, quando foi criado um edital anual que possibilita aos professores solicitar a liberação de suas funções para cursar a pós-graduação stricto sensu (mestrado ou doutorado) e continuar a receber seus vencimentos.

Antes de 2012, quando o professor pedia afastamento para cursar mestrado ou doutorado ele parava de receber salários, precisava de uma licença não remunerada.

Além disso, os docentes paranaenses tiveram aumento de 75% na hora-atividade, o que tem reflexo direto na qualidade do ensino. Para um professor de vinte horas semanais, sete são dedicadas à preparação e correção de provas e trabalhos. A remuneração inicial para um profissional concursado para 40 horas é de R$ 3,6 mil, somados os R$ 800 de vale-transporte. O valor pode chegar a cerca de R$ 15 mil ao final da carreira.

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