15 anos de atendimento a alunos com superdotação 19/08/2019 - 11:10

Alunos, professores e representes da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte participaram da comemoração pelos 15 anos de criação da Sala de Recursos Multifuncional Altas Habilidades do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto, em Curitiba. Durante a solenidade, os estudantes fizeram apresentações de músicas, poemas e agradecimentos em diferentes idiomas.

O espaço foi o primeiro da rede pública estadual de ensino e logo se tornou referência nacional no atendimento a estudantes com superdotação. Os alunos, que passam por uma avaliação antes de ingressarem nas turmas, são acompanhados por professores especializados em educação especial que auxiliam no direcionamento e melhor uso das habilidades cognitivas avançadas identificadas.

A coordenadora do Atendimento Educacional Especializado do Departamento de Educação Especial da SEED, Denise Matos, foi uma das idealizadoras e atuou como professora na sala multifuncional. Denise destaca a importância do serviço oferecido pelo Estado e reforça que os resultados são vistos além dos muros da escola, já que estudantes que frequentam as salas de recurso têm um enriquecimento curricular nas áreas de maior habilidade e interesse deles.

“Chega em um ponto que a escola esgota seus recursos para subsidiar a aprendizagem desse estudante. E assim nós conseguimos identificar talentos em diversas áreas, sejam elas acadêmicas, artísticas, de liderança, relacionamento e esportes. Então, nós temos inúmeras possibilidades”, explica.

MAIS POTENCIAL – Atualmente, mais de setenta alunos fazem o acompanhamento no contraturno escolar do Instituto, que conta com três salas desse tipo. A diretora Ana Paula Pacheco destaca os conceitos abordados, como diversidade e respeito.

“O nosso maior objetivo é que esses alunos se encontrem e sejam felizes. Era muito angustiante ver o potencial, a capacidade deles, mas infelizes. Então aqui a gente vê que cada um consegue se descobrir e ter mais sucesso na vida”, avalia Pacheco.

Gabriel Vargas Cunha, 16 anos, está no primeiro ano do Ensino Médio e frequenta a sala de recursos multifuncional desde o ano passado. Ele conta que, no início, foi resistente, mas que a dedicação da equipe pedagógica foi essencial para que aceitasse a ajuda. Hoje, ele agradece pelo apoio e reconhece a importância de salas desse tipo tanto no desempenho educacional quanto no indivíduo como pessoa.

“Mudou bastante a minha vida e a minha rotina, que hoje é em torno da sala de recursos. Eu venho todo dia, o que antes para mim era inconcebível. Não dá para esquecer um estudante com altas habilidades na sala de aula normal. Você vai desperdiçar um talento muito grande”, diz.

ATENDIMENTO – Em todo o Paraná, 140 salas multifuncionais são usadas para auxiliar estudantes como Gabriel. No estado, são cerca de 1.440 alunos com altas habilidades cognitivas em áreas distintas. Para a Chefe do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação, Ângela Mercer de Mello, este atendimento é essencial, pois foca diretamente no potencial de cada um.

“Através da sala de recursos, eles podem ampliar os seus trabalhos e ser reconhecidos dentro das suas habilidades. E nós temos que dar total apoio”.

A estudante de pedagogia Mariana Toledo participou das atividades oferecidas por quatro anos. Hoje, com 18, ela continua frequentando o Instituto para ajudar outros alunos. Ela conta que se sentia deslocada, que não tinha assunto com os colegas e acabava isolada. Quando foi para a sala de recursos, se encontrou ao perceber que havia muita gente como ela, com altas habilidades em outros segmentos.

O desejo dela, agora, é ser uma professora capaz de olhar para os seus futuros alunos de uma forma diferente: capaz de destacar o que eles têm de melhor para oferecer.

“Me fez abrir o olho para algo diferente. Eu vou prestar atenção nos meus futuros alunos e fazer com que eles não passem por isso. Eu acho que ser professor é ter uma parte muito importante na formação de outra pessoa. E se você não perceber essas coisas, não tem quem vá perceber”, conclui a jovem

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