Colégio de Foz do Iguaçu produz biogás e ensina sustentabilidade a partir de projeto universitário 09/03/2023 - 10:21

Em 2022, parte da merenda do Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva, em Foz do Iguaçu, foi composta por hortaliças plantadas na própria escola e preparada com o biogás proveniente do biodigestor instalado no local. Isso aconteceu por meio de um projeto financiado pela SETI (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná) e realizado por profissionais da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana).

Acompanhados de professores e graduandos da Unila, os estudantes do colégio faziam a coleta das sobras da merenda, pesavam e preparavam o conteúdo para enfim levá-lo ao biodigestor. Então, o biogás resultante era utilizado tanto para aulas práticas de ciências quanto para o preparo das refeições na cozinha da escola. O restante dos resíduos alimentares também era utilizado na horta, que, por sua vez, fornecia alimentos utilizados na merenda — completando o ciclo.

Entre outubro de 2021 e dezembro de 2022, enquanto durou o projeto, foram coletados 690 kg de resíduos alimentares, que possibilitaram a substituição de cerca de 30% do gás GLP usado na escola. Neste ano, será enviada uma nova proposta para dar continuidade ao projeto nessa escola e em outras duas da rede estadual em Foz do Iguaçu.

“Nós temos que preparar os alunos como cidadãos; não simplesmente observadores, mas atores e protagonistas da evolução científica”, diz Ricardo Hartmann, professor de Engenharia de Energia da Unila que está à frente do projeto. “Então, esse é um projeto que visa ensinar na prática questões de sustentabilidade e produção de energia renovável.”

Conhecimento prático e teórico — Além das atividades práticas com o biodigestor e na horta, os alunos também estudavam — durante as aulas, no laboratório e ocasionalmente no contraturno — conceitos de física, química, biologia e matemática relacionados ao que viam no desenvolvimento do projeto. Tanto professores e graduandos da Unila quanto os professores da rede estadual uniram esforços para trabalhar esses conteúdos.

“Nas aulas de Física, trabalhamos conhecimentos de termodinâmica relacionados a pressão, temperatura, definição de energia e de energia renovável. Na Biologia, vemos bactérias. Também trabalhamos as técnicas de produção e a metodologia científica: a questão de observar, anotar, tirar dados, organizar e colocar em planilhas”, relata Hartmann.

Segundo o professor, as atividades práticas fizeram aumentar o rendimento dos estudantes, que se mostraram mais engajados. “No laboratório, com uma chama, você mostrando as cores, mostrando os experimentos, eles têm muito mais interesse”, comenta.

Douglas Facchinello, diretor do colégio, notou que até as faltas diminuíram nos dias das atividades práticas. “As aulas de Física, Química e Biologia se tornaram mais atrativas para os alunos, porque agora eles veem acontecer”, afirma. “Estão mais animados, mais interessados em participar.”

Experiência dos pais e alunos — A comunidade escolar também se envolveu com a iniciativa, quando o colégio sediou uma oficina de compostagem para pais, mães e responsáveis de alunos, que puderam ver de perto o projeto. “Ele saiu dos muros escolares. Então, isso foi um grande impacto”, observa o professor Hartmann.

O estudante Felipe Antunes (15) conta que, com o projeto, aprendeu a importância de cuidar da horta, que chegou a ter alface, couve, tomate-cereja, salsinha, cebolinha, repolho, rúcula e almeirão. “Queremos agora ensinar isso para o 9º ano, para sempre seguir a linha de quem vem para o ensino médio”, diz.

Já o aluno Carlos Eduardo Nunes (18) conta ter tido bastante experiência com o diário de bordo, anotando tudo o que era coletado no refeitório e pesado. “Tirando todo esse resíduo que iria para o aterro sanitário e transformando ele em vida, a gente aprende muito”, constata.