Estudantes dos colégios agrícolas participam do 4º Paraná Orgânico 15/04/2009 - 16:35

Mais de 400 estudantes dos cursos técnicos de Agropecuária, de Agroecologia e Meio Ambiente de 18 colégios agrícolas participam do 4º Paraná Orgânico, nesta quarta (15) e quinta-feiras (16), no Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), em Pinhais. Os conceitos da agroecologia e sua relação com a agricultura orgânica, as políticas públicas para o segmento e o mercado de alimentos sem agrotóxicos são alguns dos temas trabalhados em palestras, dinâmicas de campo, oficinas e minicursos.
A coordenadora dos Colégios Agrícolas do Departamento de Educação e Trabalho (Det) da Secretaria da Educação (Seed) Cândida Carvalho Junqueira ressaltou a ação do atual governo em trazer os estudantes para a discussão da agroecologia, devido ao conhecimento a que eles terão acesso. “É importante e fundamental a presença destes alunos, porque eles estão dentro de uma agricultura familiar, desta forma, tornam-se responsáveis em levar informações às suas escolas e comunidades”, comentou. Ela complementou que os estudantes precisam ter muita clareza sobre os benefícios que esta produção agrícola oferece, principalmente porque eles estarão aptos a atuar em qualquer segmento que exige este saber.
Para Airton Brizola, diretor-presidente do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA,) o evento é uma maneira de incentivar os agricultores a conhecerem a agricultura orgânica. Ele alertou que a agricultura, da forma que se apresenta atualmente, é insustentável. “A agricultura atual é resultado de uma intensa apropriação de recursos da natureza, tornando-se insustentável, poluente e excludente, gastando-se muita energia para se produzir alimentos”, explicou. Brizola acredita que levar o tema sobre a necessidade da agricultura orgânica para as salas de aula pode acarretar em uma mudança social.
Dirk Claudio Ahrens, líder do Programa Agroecologia do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) afirmou que a Educação tem um espaço importante na forma de abordagem da agroecologia. Ele comentou que haverá uma mudança em se optar pelas formas tradicionais de produção quando as entidades oficiais e algumas não-governamentais não se considerarem detentoras absolutas do saber. “Existem outros saberes locais, originados de agricultores que possuem uma vivência e que não podem ser descartados”, relatou. Ele destacou a relevância que o  envolvimento existente entre o CPRA, a Seed, o Iapar – dentro da Agroecologia, e universidades tem conseguindo realizar.
Segundo Evandro Massulo Richter, coordenador de Produção e Bem-Estar Animal do CPRA, o encontro proporciona um repasse das tecnologias que envolvem a agroecologia, tendo como objetivo a rentabilidade para os pequenos agricultores. “Além da produção orgânica, preservação do meio ambiente, a adoção deste sistema só é viável se o produtor tiver uma rentabilidade, caso contrário ele optará pelo uso de produtos químicos”, disse.  Para ele, a participação dos alunos faz com que tenham segurança em adotar este tipo de agricultura.
Para a professora de Língua Portuguesa do Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia (CEEP), em Pinhais, Bernadete Rodrigues, a vivência no evento faz com que o aluno tenha certeza sobre os objetivos profissionais. “O estudante assume o curso na medida que coloca em prática o que aprende”, contou. Ela também destacou a importância das trocas de experiências entre os estudantes de todos os colégios agrícolas que apresentam realidades diferenciadas.
Flávia Pereira, professora de Biologia do CEEP Newton Freire Maia disse que o contato com as técnicas agroecológicas é fundamental não somente para a prática dos alunos, mas também existem reflexos em sala de aula. “Eles trazem, além de um conhecimento que serve para atividades de pesquisa, um questionamento sobre o que viram e é isto que nós queremos, alunos questionadores”, salientou.
A estudante de Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Marina Zanin, responsável pela oficina Pastoreio Racional Voisin, lembrou que existe uma dificuldade da maioria dos agricultores a aceitar as técnicas que são promovidas pela agricultura orgânica, mas que as escolas tem uma participação para mudar esta atitude. “Os estudantes vão aprender mais sobre agroecologia, e como eles aplicam as técnicas numa produção familiar, evitam a degradação ambiental , sendo melhor para todo mundo”, afirmou.
Jéssica Fernades Rausis, estudante do CEEP Newton Freire Maia, considera o evento como uma oportunidade para aliar o conteúdo teórico aprendidos em sala de aula com a prática. “É importante porque aprendemos mais e podemos aplicar na nossa propriedade o que aprendemos e também repassar para os demais colegas”, disse. Para ela, existe uma vantagem em conhecer as técnicas existentes na agroecologia, porque existe uma preocupação com o meio ambiente.
Rosa Aparecida Merhe, também estudante do CEEP Newton Freire Maia, relatou que as pessoas tendem a seguir as orientações que ela aprende, sendo importante aprender o máximo possível no encontro. “No início as pessoas nem me escutavam, por exemplo, sobre o uso do agrotóxico, mas agora tem uma mudança devido ao estudo, ao conhecimento que tenho”, explicou.
A estudante Daniella Thais de Castro Bessani, do CEEP Manoel Moreira Pena, em Foz do Iguaçu, falou que aprender sobre as técnicas de produção de produtos agrícolas orgânicos é importante para a saúde. “Existem casos de câncer que estão relacionados com o uso de agrotóxicos, e que a utilização de produtos orgânicos oferece uma melhor qualidade de vida”, exemplificou. Ela confessou que o evento também é momento para rever os colegas de outros colégios agrícolas e fazer novas amizades.
Além de estudantes da rede estadual de ensino, participam professores e estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Paraná Litoral (UFPR Litoral), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), técnicos da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), CPRA, Iapar, Instituto Emater e Embrapa e agricultores.

Seed/Assessoria de Comunicação/Orlando Macedo Júnior