Fera Com ciência 2008 faz de Paranavaí uma extensão da sala de aula 10/09/2008 - 20:35

A edição do Fera Com Ciência 2008 em Paranavaí reúne em torno de dois mil estudantes e professores de 33 municípios da região Noroeste do Estado. São oferecidas cerca de 40 diferentes oficinas pedagógicas nas quais os alunos trocam experiências. Segundo o professor Ademir Pinheli, Coordenador Estadual de Integração das Atividades Curriculares do Projeto Fera Com Ciência, a cidade ganha cultural e economicamente. Ele comenta que esta é também a oportunidade que muitos estudantes têm de conhecer a cidade que se transforma em uma grande escola. "Os palcos utilizados, os espaços culturais, as barracas de lonas e até mesmo as ruas, são extensões da escola, levando o ensino a toda parte", diz.
Segundo Ademir, antes de participar dos eventos, os alunos passam por uma preparação, trabalhando nos projetos que depois são criteriosamente selecionados. "O envolvimento que eles têm antes, durante e depois do evento, melhora o ensino em sala de aula, porque desperta o interesse e a motivação do aluno".
Nas tendas distribuídas pela Unidade Pólo, Campo dos Escoteiros e Ginásio de Esportes Noroestão, as oficinas oferecem múltiplas formas de arte, principalmente as relacionadas ao povo japonês, tema desta edição do Fera. Cerca de 500 pessoas, entre técnicos, professores, monitores e parceiros estão envolvidas na organização do evento em Paranavaí. Ao todo, são realizadas 15 edições do projeto no Paraná este ano. Simultaneamente com Paranavaí, o evento acontece na cidade de Dois Vizinhos.
O Fera ComCiência é uma promoção é da Secretaria de Estado da Educação e dos NREs, em parceria com as prefeituras municipais, Sanepar, Copel, Brasil Telecom, Secretaria de Segurança Pública do Estado (Polícia Militar, Patrulha Escolar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil), Secretaria de Saúde, Santa Casa, Secretaria de Meio Ambiente, Petrobrás, Ecad. Unipar, Fafipa, SPDC, Caixa Econômica Federal, emissoras de rádio e Diário do Noroeste.

O espaço Com Ciência do Fera traz cultura e costumes orientais para diversos stands 

Os 100 anos da Imigração Japonesa, tema do Fera Com Ciência 2008, está presente em diversas modalidades e espaços do evento. No Com Ciência, exposições artísticas, origamis e técnicas japonesas deixaram o Ginásio Clube dos Escoteiros com um toque oriental. As cores, símbolos e ideogramas estão na decoração e também nos trabalhos dos alunos que contam a história e a cultura japonesa por meio de réplicas, dobraduras, bonecos, fotos e cartazes.
Aprender a podar um bonsai, ou conhecer melhor esta árvore, arbusto ou trepadeira lenhosa que, cultivada em vaso, e, apesar de ter tamanho muito pequeno, expressa totalmente a beleza e o volume da planta em seu porte original, é compreender também um pouco mais desta arte de miniaturizar as plantas. O nome bonsai é de origem japonesa e a tradução literal da palavra é "plantado em bandeja".
A criatividade e paciência do povo oriental são traduzidas nos origamis, uma arte milenar de origem japonesa que tem como base a criação de formas através da dobradura de papéis, sem o uso de cortes.
De acordo com a cultura japonesa, a prática do origami favorece a concentração, destreza manual e paciência, além da satisfação pessoal de poder criar formas apenas com um pedaço de papel.
Artistas performáticos do Fera levam cultura japonesa com humor e alegria
O grupo de artistas performáticos do Fera ComCiência de Paranavaí leva ensinamentos da cultura japonesa com muito humor, criatividade e alegria. Nas intervenções que realizam os atores e atrizes se apresentam devidamente trajados como os personagens dos animes (desenhos japoneses) e passam um pouco da cultura japonesa.
Uma das preocupações do grupo é fazer dos esquetes uma forma de transmitir conhecimentos sobre o povo japonês. Segundo o ator Carlos Phantasma, a forma que ele e sua companheira, Michelle Moura, encontraram para falar sobre o tema, foi discutir a razão que leva os japoneses a comerem com "dois pauzinhos", conhecidos como hashi, enquanto que no Ocidente, usa-se o garfo e faca.
Lembrando da índole voltada para a paz que caracteriza o povo japonês, Phantasma informa que os talheres são feitos de metal e lembram armas, enquanto que os hashi são produzidos com madeira. Até mesmo no gosto da comida há interferência do utensílio utilizado para consumi-la. "A mensagem maior é que não se deve destruir a cultura do outro, mas sim aprender a conviver com as diferenças", afirma o ator.
Estudantes lotam o Teatro Municipal de Paranavaí para ter noções de música
Mais de duzentos alunos lotaram o auditório do Teatro Municipal "Dr. José Vaz de Carvalho" durante as oficinas de sensibilização musical do Fera ComCiência de Paranavaí. Tocando flautas doces e maracás, os estudantes dão os primeiros passos para desvendar os caminhos da música. Com o acompanhamento de mais de duzentos estudantes tocando flautas e maracás, o instrutor vai apresentando nota por nota e ditando o ritmo que deve ser seguido. 

Trabalhos do Com Ciência tem projetos com temas ambientais

Alunos de Paranavaí e região aproveitaram o espaço do ComCiência no Fera para despertar a consciência ecológica dos visitantes. Para a professora Maria Solange Vilanova Grizio, que leciona na Escola Estadual Padre Anchieta em Inajá, o mais importante do espaço Com Ciência é ver o envolvimento dos alunos. "Eles se prepararam, estudaram certos temas e agora podem expor seu aprendizado, ensinando também a outras pessoas".
Um dos projetos visitados e avaliados pela professora, chamado de Bolhas de Sabão, mostra a reutilização do óleo de cozinha para fazer sabão. As alunas que apresentaram o trabalho, estudantes do CESIL de Terra Rica, falaram da importância da consciência ambiental e os danos causados pelo óleo quando entra em contato com a natureza. "São dicas simples, porém preciosas, já que mostra como a participação de cada um dentro de casa, faz toda a diferença", comentou Maria Solange.
Alunas do Colégio Barão do Rio Branco, de Inajá também trouxeram um trabalho semelhante, com base no sabão. O projeto "Produtos de Limpeza alternativos – a química no cotidiano", tem como objetivo mostrar aos visitantes como substituir produtos químicos por outros artesanais e menos agressivos à saúde e meio ambiente.
Um outro projeto que tem sido muito visitado mostra um sistema de captação, armazenamento e aproveitamento da água da chuva. Os alunos responsáveis pelo trabalho cursam o 1º Técnico em Química no Colégio Enira Moraes Ribeiro de Paranavaí. De acordo com Hiuri Franchinconi Biava, a idéia do grupo foi alertar sobre a necessidade da preservação de água, diante de todas as problemáticas que vem sendo discutidas a esse respeito, fazendo economia de dinheiro. Na opinião de André Schueroff, outro aluno que apresentou o trabalho, esta feira de amostras de projetos é uma oportunidade que eles tiveram de aprofundar o conhecimento científico e também de poder compartilhar com outras pessoas o que aprenderam.
Luana Caroline Duarte de Moura, estudante do primeiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Barão do Rio Branco em Inajá, esteve visitando o projeto e gostou bastante. "Visitando o Com Ciência, a gente tem um pouco de acesso a projetos que no futuro estarão sendo utilizados por nós", comentou.
Reaproveitamento
E se a palavra da vez é reaproveitamento, os alunos do Com Ciência estão conscientes disso. Projetos que mostram de maneira simples como utilizar garrafas pet e caixinhas de leite para obter água quente, apontam atitudes de economia e consciência seletiva.
A "Horta em Mandala" dos alunos do colégio Agrícola Estadual do Noroeste, de Diamante do Norte, é um exemplo de como a água, energia solar e eólica podem ser aproveitadas. O resultado é economia e produtos mais saudáveis.
O modelo copiado de uma fazenda de arroz de Querência do Norte, feito pelos alunos do Colégio Estadual Centrão, também fala de preservação e reaproveitamento da água, e de como é produzido o arroz na região. A professora e orientadora do trabalho, Vilma das Neves Pereira, comenta que vale a pena os alunos e visitantes do Com Ciência, visitarem os stands e conhecerem melhor os projetos, principalmente os que, como este, mostram alternativas inteligentes de beneficiar a agricultura regional.

Elaborar uma notícia é o desafio de uma das oficinas do Fera Com Ciência

Com a proposta de conhecer um pouco da história do jornalismo brasileiro, bem como os caminhos a serem percorridos para se elaborar uma notícia, a jornalista Josilene Barão Kummer coordena a oficina "Você faz a notícia" no Fera Com Ciência de Paranavaí. Segundo Josilene, além da produção de textos, os alunos estão elaborando e gravando um telejornal durante o evento. Todo o material produzido tem como tema central os 100 anos de emigração japonesa.
Mesmo admitindo que se interessava pouco pelos telejornais, a aluna Cíntia Fernandes dos Santos, 18 anos, do CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) diz que os conhecimentos que já tinha recebido a encorajaram até em pensar no jornalismo como uma opção de curso superior. Já Gustavo Luiz Walter da Silva, 12 anos, estudante da 6ª série no Colégio Marins Alves de Camargo, descartou a possibilidade de seguir carreira em jornalismo, mas mostrou-se interessado em conhecer mais sobre o mundo que cerca a atividade.



Danças, músicas e teatro são algumas das apresentações culturais do evento

O Fera Com Ciência tem sido palco de muita cultura. São danças, músicas, teatro, coreografias e outras manifestações artísticas que têm impressionado os participantes e visitantes do evento. Para comportar o grande público, foram reservados dois grandes espaços para as apresentações artísticas: o ginásio do Noroestão, onde estão sendo realizado os shows musicais, e uma tenda de circo para as apresentações de dança e teatro.
Circo
Música com letra japonesa, ritmo brasileiro e uma mistura de passos e danças que envolvem a cultura dos dois países. Foi assim que ninjas, gueixas e sambistas dividiram o palco. Esta cena, que mistura estilos e culturas, é comum no palco do circo que recebe os artistas escolares.
Uma apresentação que chamou a atenção foi apresentada por alunos do Colégio Cândido Bertiê Fortes de Guairaçá. Música e dança que mostraram um pouco mais da história dos 100 anos da Imigração Japonesa.
Para a professora Ana Paula da Silva Mendes do Colégio Estadual São Carlos do Ivaí, as danças têm retratado muito bem a mistura da cultura japonesa e brasileira. "O Fera está trazendo, além de todo ensinamento, uma oportunidade dos alunos terem mais contato com a cultura japonesa, vivenciando e valorizando a história dos imigrantes", diz.
Música
Um verdadeiro "Show da Educação", assim são definidas as apresentações musicais que acontecem no ginásio de esportes Noroestão. Os alunos César Augusto Tanaka Falavigna e Gustavo Narduci Pereira, ambos do Colégio Estadual de Paranavaí, passaram pela experiência de se apresentarem em um palco profissional, com platéia e banca avaliadora. "Esta oportunidade de se apresentar é muito legal para nosso crescimento educacional e musical", diz Falavigna. Já Gustavo Pereira, vê toda essa participação no Fera como uma oportunidade de aprendizado mútuo.
Andréia Bernardini, cantora e professora da Faculdade de Artes Paranaense, é uma das participantes da banca de avaliação musical. Os alunos que se apresentaram cantando no palco do Fera, são avaliados em ritmo, interpretação, técnica e afinação. De acordo com ela, a função da banca é avaliar as apresentações para transmitir uma orientação aos alunos, de modo que eles possam aperfeiçoar os talentos que vão sendo revelados. "Tem muita gente talentosa aqui", comenta.
Na opinião de Walmir Marcelino Teixeira, professor do Departamento de Educação Especial e Inclusão Social da Secretaria de Estado da Educação, que acompanhou todas as edições do Fera, este ano houve um aperfeiçoamento proveniente da capacitação dos professores. "As apresentações em sua maioria indicam que há um trabalho didático-pedagógico que antecede o resultado da apresentação", confirma. 

Amanda Medeiros