Toda a comunidade escolar da Rede Estadual de Ensino do Paraná está envolvida no processo de escolha dos diretores nesta quinta-feira (3). Desde as 8h até as 22h, pais, alunos, professores e funcionários podem votar de forma democrática para escolher o gestor que ficará a frente das escolas nos próximos quatro anos.

A principal mudança neste ano é o voto universal, com o mesmo peso para professores, funcionários, pais e estudantes com mais de 16 anos. O processo de escolha dos diretores deve envolver aproximadamente 600 mil pessoas no Estado. Todas as escolas da rede estadual participam da votação e as aulas são ministradas normalmente nesta quinta-feira.

“O papel do diretor é muito importante. É o gestor da escola, quem cuida da estrutura física do prédio, das contas, dos professores, servidores e estudantes e de toda a comunidade escolar”, disse a secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres. “Agradeço o empenho de toda a comunidade escolar neste importante momento democrático. O trabalho de cada um na promoção do processo eleitoral é fundamental para que corra tudo bem”, acrescentou a secretária.

A votação termina às 22h e cada escola vai conferir se atingiu o quórum mínimo de participação – 35% dos votantes. Em seguida, as urnas serão abertas e inicia-se a contagem. O resultado deve ser conhecido pelas escolas ainda na noite desta quinta-feira. Em caso de empate, ou de uma escola não ter atingido o número mínimo de votantes, o segundo turno será realizado em 18 de dezembro.

O mandato é de quatro anos e o diretor terá o trabalho avaliado pela comunidade, com metas para cumprir. Após dois anos, o Conselho Escolar, formado por alunos, pais, professores e funcionários, fará uma avaliação do cumprimento das metas e da prestação de contas.

PARTICIPAÇÃO – No Colégio Estadual Professor Algacyr Munhoz Maeder, no Bairro Alto, em Curitiba, a participação da comunidade e dos alunos na votação é grande durante toda esta quinta-feira. Maria do Carmo Rode, mãe do aluno Adriano Felipe, de 14 anos, do 9º ano, foi votar logo pela manhã. “É bom os pais escolherem os diretores, assim sabemos como será a escola daqui para frente. É muito importante nós, pais, participarmos deste momento, saber o que está acontecendo na escola”, disse Maria do Carmo.

Para Evanize Carla Kutzke, mãe da aluna Mariana Yasmin, de 14 anos do 1º ano do ensino médio, a mudança para o voto universal, com o mesmo peso, fortaleceu a democracia nas escolas. “Achei excelente, é mais justo. Os pais acompanham a realidade da escola e o voto deles deve ter o mesmo peso”, afirmou Evanize.

A filha dela sempre estudou na rede privada de ensino e este é o primeiro ano em uma escola pública. “A Mariana vem do ensino privado e eu estendi a mesma postura que eu tinha na escola particular para a pública. Confesso que não senti muita diferença no material didático e na organização. Na rede privada eu tinha que aceitar o quadro de direção, não podia votar. Acho excelente essa oportunidade, é um passo importante para mudanças”, definiu.

Não foi apenas os pais que participaram da votação no Colégio Professor Algacyr Munhoz Maeder – alunos também exerceram seu direito de escolha. “É a primeira vez que voto para diretor. Acho importante esse momento porque também faz parte do nosso futuro, a melhoria para a escola. Achei interessante o voto universal pelo fato de dar mais responsabilidade aos alunos”, explicou Dayane Gomes Ferreira, 16 anos, do 2º ano.

Funcionários também fizeram questão de votar. Mariza de Fátima Correia trabalha desde 1998 no Colégio Algacyr Munhoz Maeder. “Já votei outras vezes para diretor. Acho muito importante essa escolha. Quando a direção é boa, a escola funciona. Com o voto podemos decidir o melhor para a escola”, disse.

“Acho que o voto universal vai aumentar a participação dos pais, já que assim eles têm a mesma influência de quem está dentro da escola. Se a escola é feita para o aluno, é importante que os pais e os alunos tenham voz. Por isso, esse voto com o mesmo peso é muito importante. Os pais estão bem motivados para votar”, disse Ana Elisa Vidal, presidente da Comissão Consultiva Local, que responde por todo o processo de eleição no Colégio Professor Algacyr Munhoz Maeder.

HISTÓRICO – Em novembro de 2014, a Assembleia Legislativa aprovou a proposta do Governo do Estado para prorrogar a eleição de diretores para 2015. Na época, a decisão de alteração da lei atendia a uma solicitação dos próprios professores, que tiveram em 2014 um ano letivo comprometido por vários eventos, como a Copa do Mundo, a paralisação de professores e enchentes em algumas regiões do Paraná. O calendário escolar ficou bastante prejudicado. Os diretores tinham receio de que, naquele momento, o processo de escolha prejudicasse o andamento dos trabalhos pedagógicos.

No projeto de lei enviado em 2015 à Assembleia Legislativa foram propostas mudanças importantes, como a do voto universal e a exigência de que o candidato a diretor apresente um Plano de Ação, a ser avaliado pela comunidade escolar no transcorrer da gestão. O projeto de lei foi aprovado pelos deputados estaduais e a lei foi sancionada em 13 de outubro de 2015.