Paraná garante acesso à educação no sistema prisional 22/04/2019 - 14:20
O Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Educação, garante acesso à alfabetização, à escolarização básica e à formação superior a aproximadamente 36% dos presos que cumprem pena nas 33 unidades prisionais do estado. Trata-se da escolarização das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e Médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), qualificação profissional e a possibilidade de cursar uma faculdade à distância. Uma imagem bem diferente da que normalmente se atribuí ao sistema prisional e, para muitos dos apenados, a primeira chance de poder estudar.
É o caso do Daniel, de 32 anos, que aprendeu a ler e a escrever no sistema prisional – antes de ser preso, nunca esteve em uma sala de aula. “Já consigo escrever o meu nome com a letra cursiva e de forma. Isso foi o mais importante para mim. E também conseguir ler e saber que tem um papel que está explicando alguma coisa e entender aquela informação”, contou.
De acordo com a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado da Educação, Marcia Dudeque, a educação no sistema prisional é uma garantia legal mas, mais do que isso, é uma oportunidade de cidadania.
“Quando o sujeito entra no sistema prisional sem saber ler ou escrever, e percebe que tem essa oportunidade, ele descobre sua capacidade cognitiva e entende que a educação vai proporcionar a ele novas possibilidades, seja para continuar estudando ao sair do sistema prisional, seja para poder concorrer a vagas de trabalho com maiores chances”.
ESTUDO E REMIÇÃO DA PENA – Os detentos da Unidade de Progressão da PCE estão matriculados no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Doutor Mário Faraco, que fica dentro do Complexo Penitenciário. O CEEBEJA tem seis salas de aula com carteiras, laboratório de informática com 16 computadores e acesso restrito à internet, sala de leitura e uma biblioteca, além das salas dos professores e pedagogos.
A Unidade de Progressão é a única em regime fechado do Complexo Penitenciário que oferece a educação nos três turnos. Funciona assim: quando não estão em sala de aula, os presos estão trabalhando no contraturno. Quem estuda pela manhã, trabalha à tarde, e vice-versa. Já quem estuda à noite, trabalha oito horas em empresas parceiras da unidade.
A cada 12 horas de estudos, os presos têm um dia a menos de pena para cumprir. Além disso, a cada livro lido, são reduzidos quatro dias de pena. Mas não basta apenas ler. Eles precisam fazer um resumo e uma análise crítica da obra, que é avaliada pelo professor da sala de remição da pena pela leitura. As leituras também são indicadas de forma que sejam produtivas para o apenado.
Na biblioteca os presos têm acesso a aproximadamente dois mil títulos com obras de literatura brasileira e estrangeira, religião, ficção, romance e conhecimentos gerais, entre outros. O acervo é uma coletânea de doações feitas por instituições públicas, organização não governamentais, parentes dos presos e da comunidade em geral. Antes de serem catalogados, os professores fazem uma seleção dos livros.
MODELO NA AMÉRICA LATINA – Todos os 288 presos da Unidade de Progressão da Penitenciária Central do Estado estudam e trabalham. Em 2017, quando completou dois anos de existência, a unidade foi considerada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) um modelo em tratamento penal.
Além da alfabetização, os apenados têm a oportunidade de concluir o Ensino Fundamental e Médio, por meio da EJA, e ingressar no Ensino Superior. Oito presos já concluíram o Ensino Médio e estão fazendo faculdade à distância.
“Não adiantaria nada ter as outras assistências e o trabalho se não tivéssemos a parte educacional. Quando eles saem, procuramos conversar para que continuem os estudos e eles se sintam motivados e incentivados. Aquele que já tem pelo menos uma certa instrução, já sai daqui com outra perspectiva e possibilidades”, completou Cínthia.
É o caso do Daniel, de 32 anos, que aprendeu a ler e a escrever no sistema prisional – antes de ser preso, nunca esteve em uma sala de aula. “Já consigo escrever o meu nome com a letra cursiva e de forma. Isso foi o mais importante para mim. E também conseguir ler e saber que tem um papel que está explicando alguma coisa e entender aquela informação”, contou.
Daniel está há oito meses na Unidade de Progressão da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara (na Região Metropolitana de Curitiba). Pela manhã, ele cumpre tarefas de faxina junto com a equipe de limpeza e, à tarde, tenta se preparar para um futuro mais digno. “Aqui foi onde eu consegui oportunidade de estudar e trabalhar, sou muito grato. Daqui para frente, é esse caminho que quero seguir, estudar, trabalhar e ter uma vida com dignidade.”
De acordo com a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado da Educação, Marcia Dudeque, a educação no sistema prisional é uma garantia legal mas, mais do que isso, é uma oportunidade de cidadania.
“Quando o sujeito entra no sistema prisional sem saber ler ou escrever, e percebe que tem essa oportunidade, ele descobre sua capacidade cognitiva e entende que a educação vai proporcionar a ele novas possibilidades, seja para continuar estudando ao sair do sistema prisional, seja para poder concorrer a vagas de trabalho com maiores chances”.
ESTUDO E REMIÇÃO DA PENA – Os detentos da Unidade de Progressão da PCE estão matriculados no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Doutor Mário Faraco, que fica dentro do Complexo Penitenciário. O CEEBEJA tem seis salas de aula com carteiras, laboratório de informática com 16 computadores e acesso restrito à internet, sala de leitura e uma biblioteca, além das salas dos professores e pedagogos.
A Unidade de Progressão é a única em regime fechado do Complexo Penitenciário que oferece a educação nos três turnos. Funciona assim: quando não estão em sala de aula, os presos estão trabalhando no contraturno. Quem estuda pela manhã, trabalha à tarde, e vice-versa. Já quem estuda à noite, trabalha oito horas em empresas parceiras da unidade.
A cada 12 horas de estudos, os presos têm um dia a menos de pena para cumprir. Além disso, a cada livro lido, são reduzidos quatro dias de pena. Mas não basta apenas ler. Eles precisam fazer um resumo e uma análise crítica da obra, que é avaliada pelo professor da sala de remição da pena pela leitura. As leituras também são indicadas de forma que sejam produtivas para o apenado.
Na biblioteca os presos têm acesso a aproximadamente dois mil títulos com obras de literatura brasileira e estrangeira, religião, ficção, romance e conhecimentos gerais, entre outros. O acervo é uma coletânea de doações feitas por instituições públicas, organização não governamentais, parentes dos presos e da comunidade em geral. Antes de serem catalogados, os professores fazem uma seleção dos livros.
“Uma penitenciária tem que dar o tratamento adequado para o preso seja lá qual for o motivo da prisão. A partir do momento que ele foi julgado e condenado, a nossa parte não é condenar novamente, mas dar a esse cidadão condições para ele voltar à sociedade”, disse a diretora da UP, Cínthia Bernardelli Dias.
RETOMADA – Aos 34 anos Leandro retomou os estudos e também está concluindo a EJA na Unidade de Progressão da PCE. Leandro chegou a completar o sexto ano do Ensino Fundamental antes de ser privado de liberdade.
“Naquela época eu não gostava de estudar”, revelou o detento, que está há oito meses na UP. “Mas quando fui procurar emprego eu percebi a falta que o estuda faz”, disse.
“Para mim foi uma surpresa boa saber que poderia estudar aqui dentro e continuar de onde parei. Eu procuro sempre aprender o máximo em sala de aula porque a minha intenção é continuar os estudos lá fora. Eu quero fazer uma faculdade para poder mostrar para mim mesmo eu posso”, disse Leandro que pretende estudar Teologia. “Quero conhecer a história das religiões”, revelou.
Já Diogo, de 36 anos, parou de estudar no 1° ano do Ensino Médio por causa do envolvimento com as drogas. “Eu saía e voltava para a escola a todo momento e não conseguia ter uma sequência de estudos”, revelou. Foi no sistema prisional que ele conseguiu dar continuidade aos estudos e ter novas perspectivas após o cumprimento da pena.
“A educação abre um leque e possibilita ter uma ressocialização, resgatar algum valor que ficou para trás. O estudo proporciona uma nova perspectiva de realização, trabalho, não apenas na vida profissional, mas para conhecimento e crescimento pessoal”, disse Diogo.
Além da alfabetização, os apenados têm a oportunidade de concluir o Ensino Fundamental e Médio, por meio da EJA, e ingressar no Ensino Superior. Oito presos já concluíram o Ensino Médio e estão fazendo faculdade à distância.
“Não adiantaria nada ter as outras assistências e o trabalho se não tivéssemos a parte educacional. Quando eles saem, procuramos conversar para que continuem os estudos e eles se sintam motivados e incentivados. Aquele que já tem pelo menos uma certa instrução, já sai daqui com outra perspectiva e possibilidades”, completou Cínthia.