Práticas pedagógicas para docentes surdos 23/09/2011 - 17:00

Cerca de 100 professores surdos instrutores de Língua Brasileira de Sinais (Libras) que atuam na rede estadual de ensino do Paraná participam, em Curitiba, do Curso de Formação de Docentes Surdos, promovido pelo Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional (DEEIN) – Área da Surdez em parceria com o Centro de Apoio aos Profissionais da Educação de Surdos do Paraná (CAS-PR). O evento termina nesta sexta-feira (23) e discute práticas pedagógicas que subsidiam o ensino de Libras como disciplina curricular para surdos (aquisição da primeira língua – L1) e para ouvintes (aquisição da segunda língua – L2).

Nilva Escorsim, assessora da Vice-Governadoria que representou o vice-governador e secretário de Estado da Educação Flávio Arns, explicou que o encontro entre os profissionais da área da surdez é importante para realizar trocas de experiências, fazer novas amizades e aperfeiçoar o conhecimento dos envolvidos. “A educação só será enriquecida com profissionais competentes, e esta é uma área que ainda necessita de mais pessoas especializadas”, afirmou.

Segundo a coordenadora pedagógica do DEEIN, Siana Ceccon Araújo, quem propõe as políticas públicas para atender pessoas com necessidades educacionais especiais são as próprias pessoas portadoras dessas necessidades. “O papel da Secretaria de Estado da Educação é normatizar e sistematizar as ações propostas. Daí a importância do envolvimento de todos. Nenhuma diretriz será elaborada sem que um representante de cada área esteja ciente de seu teor. O nosso lema é 'Nada sobre nós sem nós', tema internacionalmente consagrado do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência”.

Segundo Alexandra Albano, assessora técnica pedagógica do DEEIN, durante o curso será apresentando todo o Sistema de Ensino Paranaense e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), suas bases filosóficas, cadeia hierárquica, formação específica para elaboração e análise de propostas pedagógicas, planejamentos de ensino, metodologias e critérios de avaliação. Para ela, “esse é um evento ímpar, porque muitas vezes os alunos surdos iniciam a vida estudantil sem conhecerem a língua de sinais. São esses profissionais que irão ensiná-los”.

Os participantes foram divididos em quatro grupos para realização de oficinas, nas quais desenvolverão trabalhos que serão socializados no último dia do encontro. “É muito importante ouvir os profissionais para saber do que necessitam. O sujeito(trocar) surdo também precisa possuir uma identidade profissional”, disse Gisele Marin, também assessora técnica pedagógica do DEEIN.

Lídia da Silva, mestre em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que há 15 anos trabalha como intérprete de Libras, parabenizou a SEED pela iniciativa. “Esse é um evento 'com' e não 'para' o indivíduo com deficiência auditiva. Com isso, não é trabalhada apenas a teoria, mas a prática. Pena que são poucas horas”, comentou Lídia, que mencionou ainda que eventos como esses devem ocorrer com mais frequência.

Para Luciano de Souza, pedagogo especialista em educação especial que trabalha na Escola Anpacin, em Maringá, o evento possibilita troca de experiências sobre métodos de ensino e estratégias. “Esta iniciativa demonstra uma atitude democrática por parte do poder público, pois os cursos de formação não devem ser oferecidos só a pessoas ouvintes, mas às surdas também. Além disso, o conhecimento é dinâmico e mutável, então a formação deve ser continuada para que haja um constante aperfeiçoamento do professor”, disse Luciano.

A estudante de Pedagogia Denise Aparecida dos Santos, que trabalha na Amesfi Escola de Surdos, m Medianeira, diz estar muito animada por poder participar do curso. “Pude ter uma visão ampla do processo de ensino-aprendizagem, que com certeza repassarei para os outros profissionais de minha cidade”.

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