Professores são capacitados nos sistemas Braille e Soroban Inicial 14/04/2009 - 16:20

Cerca de 40 educadores que atuam nos Centros de Atendimento Especializado dos Núcleos Regionais de Educação (NRE) participam do Curso de Sistema Braille e Soroban Inicial, em Curitiba. O evento teve início nesta segunda-feira (13) e vai até sexta-feira (17) e é uma realização da Secretaria da Educação (Seed), por meio do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional (Deein). O objetivo é capacitar os educadores que passaram no último concurso público, para trabalharem com apoio especializado junto aos alunos que apresentam necessidades especiais com deficiência visual.

Miriam de Souza Fagundes, assessora técnico-pedagógico das áreas de deficiência visual e surdocegueira do Deein, explicou que o evento tem um caráter de formação continuada para os professores trabalharem com alunos cegos ou com baixa visão. “Os educadores recebem uma formação básica nas quatro áreas (deficiência visual, física, intelectual e surdez), então é preciso o curso, para que o aluno possa aprender com o professor e ter acesso ao currículo, assim o estudante com deficiência não fica excluído”, disse.
Ela contou que existem 200 serviços de apoio pedagógico municipais e 100 estaduais realizados pelos Centros de Atendimento Especializado na Área de Deficiência Visual (Caedv) e as aulas com o professor especializado acontecem paralelamente ao currículo regular, em contraturno. “A política de inclusão se faz para que se possa dar igualdade e oportunidade a todos os alunos, independente que estejam ou não em situação de deficiência”, afirmou Fagundes.
Ela lembrou que o evento integra um dos três eixos criados para o trabalho de inclusão com os alunos em situação de deficiência, que é o de desenvolvimento de práticas inclusivas; os outro são a criação de culturas inclusivas e a elaboração de políticas inclusivas. Para ela, a inclusão ocorre no momento em que os alunos com deficiência são aceitos pelos educadores. “Quando o educador acolhe um aluno, já se está fazendo inclusão. A maior barreira não é arquitetônica, e sim de atitude, aceitando o outro como ele é”, comentou.
Segundo Airton Galvão, coordenador do Núcleo de Apoio Pedagógico e Produção Braille de Orleans, em Santa Catarina, e professor de Braille, o curso é uma iniciativa importante porque, em um passado não muito distante, existia uma outra realidade na qual o deficiente visual que quisesse aprender o Braille encontraria dificuldades de acesso ao conhecimento. “É louvável, e parabenizo o empenho da Secretaria da Educação do Paraná e as municipais. Isso contribui demais, pois com uma melhor qualificação dos professores, há reflexos na aprendizagem das pessoas com deficiência visual”, falou .
O professor, que é deficiente visual, também ressaltou que a socialização do ensino de Braille, com a qualificação do educadores é um ganho acentuado aos deficientes visuais. “As crianças são atendidas com mais dignidade e tratadas com igualdade, juntamente com as crianças sem deficiência”. Ele ainda destacou o importante papel que a escola tem em romper com os paradigmas existentes na sociedade em relação aos cegos. “Muitas vezes se reforçam as incapacidades das pessoas com deficiência, o que leva a uma falta de oportunidades. O preconceito também vai se modificando a partir do convívio de criança com criança, por meio da inclusão na escola”, enfatizou Galvão.
Para Gisele Marin, técnico-pedagógico da área de deficiência visual do Deein, o curso é essencial para aquisição de conhecimento e aplicação nas instituições de ensino. “A aprendizagem dos sistemas é fundamental, para que os professores videntes (que não possuem deficiência visual) desenvolvam práticas de ensino em sala de aula”, disse.  Ela explicou que para os alunos com baixa visão ainda existe a possibilidade de ampliação de materiais, mas para o estudante cego, o professor tem que conhecer o Braille. “Este domínio do sistema é uma maneira de estabelecer uma relação de entendimento entre professor e aluno”, disse.
Já Adriana Belloto Silva, professora de Jesuítas, município jurisdicionado ao NRE de Assis Chateaubriand, justificou que o curso contribui para que não ocorram equívocos na aprendizagem dos alunos deficientes visuais. “Para um aluno cego, todo dia é muito importante, por isso é uma responsabilidade muito grande e não se pode errar”. Ela também contou que o preconceito existente por parte da sociedade e da família pode ser diminuído dentro da escola devido ao processo de socialização que é construído.
No Paraná, estão matriculados 2.139 alunos com baixa visão e 1.059 cegos; há duas salas de recursos multifuncionais, uma em Cambé e outra em Foz do Iguaçu; e 5 Centros de Apoio Pedagógico e Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAPs) localizados estrategicamente em Curitiba, Cascavel, Francisco Beltrão, Londrina e Maringá, para atender de forma eficiente a toda a rede de ensino.
SISTEMAS - O Braille é constituído por 63 sinais, obtidos pela combinação de seis pontos que se agrupam em duas filas verticais e justapostas de três pontos cada. Estes sinais não excedem o campo táctil e podem ser identificados com rapidez, pois se adaptam exatamente ao dedo. Na leitura qualquer letra ou sinal Braille é apreendido em todas as suas partes simultaneamente. Nos leitores experimentados o único movimento que se observa é da esquerda para a direita, ao longo das linhas. Dispondo de um processo fácil de leitura, o sistema permite a integração social às pessoas cegas. O Braille é, ainda, o único meio de leitura disponível para os surdocegos.
O Soroban é um ábaco japonês com apenas cinco contas em cada ordem numérica. Com o uso sofreu uma série de aperfeiçoamentos que geraram técnicas extremamente rápidas para executar qualquer cálculo matemático. A técnica também serve para fazer cálculos mentais. Treinando as operações no Soroban, vai-se aos poucos adquirindo as mesmas habilidades para fazer cálculos mentalmente de algarismos enormes, para os padrões ensinados nas escolas. Outras habilidades surgidas estão na melhoria da concentração e memorização, sobretudo para números; na visualização e inspiração apuradas; na observação mais atenta e no processamento mais rápido de informações.
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