Programa Viva a Escola mobiliza mais de 100 mil estudantes da rede pública estadual 06/05/2009 - 17:24

O programa Viva a Escola está mudando a realidade escolar de mais de 100 mil alunos da rede pública estadual do Paraná. “Os indisciplinados ficaram mais comportados e os muito quietos estão mais desinibidos, conseguem conversar e se expressar melhor”, conta Luciana Bellanda Mello, professora de Artes responsável pela atividade de teatro no Colégio Estadual Polivalente de Curitiba. O Viva a Escola é um programa novo da Secretaria de Estado da Educação que oferece atividades de contraturno, sugeridas pelos professores em cada escola. “Nós estamos inserindo ainda mais valores na formação dos alunos”, comenta o diretor Ronaldo Rodrigues Mello.

Desde o início do ano, cerca de 100 mil alunos participam das atividades de contra-turno. “O Viva a Escola é um primeiro e importante passo para a educação de período integral. Nosso foco não é apenas colocar o aluno dentro da escola, mas que o aluno aproveite esse tempo para adquirir formas diferentes de conhecimento das disciplinas do currículo”, explica Ademir Pinhelli Mendes, coordenador de integração das atividades curriculares da Secretaria. São 2.700 atividades em 1.260 estabelecimentos de ensino. O programa recebeu mais de R$ 1,8 milhão, sendo R$ 700 para cada atividade.
“Sempre gostei de teatro, mas tinha vergonha de atuar. Com o apoio da professora e dos meus amigos eu estou me soltando e aprendendo a interpretar”, diz Ananda Rauchback, 14 anos, da 8ª série. Ela conta que se envolveu mais com os colegas de curso, o que a ajudou a ser menos tímida. Juliane Magalhães de Souza, 14 anos, também da 8ª série, disse que no teatro se aprende a lidar com a sociedade, a enfrentar todos os tipos de situações que enfrentamos na vida. Ela já havia participado de uma oficina de teatro no ano passado, mas percebeu a mudança agora que a atividade faz parte do programa Viva a Escola: “Nós temos mais possibilidades porque temos ajuda financeira. Podemos fazer uma peça mais bonita, mais interessante”.
Filipe de Lima, 14 anos, outro da 8ª série, diz que gosta de jogar video-game, mas prefere ir para a aula de teatro. “Aqui eu dou risada, compartilho o que eu sei, faço amigos”, diz. “Além disso, a gente desenvolve a criatividade, o pensamento e a expressão corporal”, completa.
OFICINAS - No Polivalente, 60 alunos participam das oficinas de teatro, futsal e vôlei. A orientadora de teatro afirma que a experiência é produtiva. “Os alunos são estimulados a desenvolver suas habilidades, a interagir, e ainda conhecem uma nova possibilidade de carreira”, diz Luciana. Para ela, o mais importante é a troca de experiências: “Minha formação é em artes visuais e eu tenho alunos aqui que já participaram de outras oficinas de teatro. Nós pesquisamos e aprendemos juntos”.
Essa troca também é o ponto mais importante para a professora de Matemática Luciane de Albuquerque. Ela usa o Geogebra, um software livre, para ensinar geometria aos alunos de 5ª a 8ª séries, no Colégio Estadual Padre Olimpio de Souza. “O ambiente virtual proporciona uma aprendizagem colaborativa, porque os alunos podem trocar experiências, enquanto o professor se torna um mediador”. Aghata Brenda da Cruz, 12 anos, da 7ª série, concorda. “Aqui a gente se ajuda, troca idéias. A professora faz a matéria ficar mais divertida”, conta.
“Estamos desmistificando o fantasma da Matemática para vários desses alunos. Eles conseguem visualizar os conceitos aprendidos em sala de aula”, afirma Luciane. A aluna Giovani dos Santos Correa, 11 anos, da 5ª série, diz que aprende se divertindo e ainda melhora na Matemática. “A gente move as retas, as figuras e percebe coisas que antes não via. Fica bem mais fácil aprender”.
Os alunos do Colégio Pilar Maturana também estão vendo o mundo com outros olhos. A professora de Artes Cristina Costa realiza atividades de fotografia. “Os alunos são assíduos e participativos. O interesse e a busca deles pelo conteúdo está superando as nossas expectativas”, afirma. Eles estão aprendendo história da imagem, evolução da máquina fotográfica e a analisar a composição visual como um todo. “Quero ser fotógrafa profissional”, diz Bianca Aparecida Alburnio, 12 anos, que acredita que o curso é uma maneira de aperfeiçoar o que ela já sabe. No próximo semestre eles vão produzir fotografias com câmeras digitais, analógicas e até com um tipo de câmera feita com lata de leite em pó, chamada pinhole. Também vão revelar as fotos na própria escola, num laboratório que será preparado para a atividade.
AUTONOMIA - O professor tem autonomia para escolher a atividade mais adequada para a realidade da sua escola, dentro da sua disciplina, explica Mendes, coordenador do Viva a Escola. As atividades são divididas em três núcleos de conhecimento. Do Expressivo-Corporal fazem parte esportes, brincadeiras, ginástica, luta, jogos, teatro e dança. O Científico-Cultural engloba história e memória, cultura regional, atividades literárias, artes visuais, músicas, investigação científica, divulgação científica e mídias. O núcleo Integração Comunidade e Escola inclui fórum de estudo e discussão e curso preparatório para o vestibular.
As atividades do programa são realizadas nas escolas como complemento curricular e contemplam a Proposta Pedagógica Curricular descrita no Projeto Político Pedagógico de cada escola. O aluno pode participar de todas as atividades oferecidas na escola. O conteúdo e a carga horária são registrados no histórico escolar do estudante. As propostas do Viva a Escola também podem ser inscritas no Fera Com Ciência, que esse ano tem como tema “Cultura e Tecnologia na Preservação Ambiental”.